sexta-feira, 18 de março de 2011

Estudo: tuberculose está mais resistente aos medicamentos

As novas cepas de tuberculose são cada vez mais resistentes aos remédios para curar a doença, o que ameaça os avanços realizados nas últimas décadas, segundo um relatório publicado nesta quinta-feira pela revista The Lancet.
O relatório, divulgado nas vésperas do Dia Mundial contra a Tuberculose (24 de março), ressalta o impacto causado por outros fatores de risco, como tabagismo e diabetes, no aumento da incidência da doença no mundo todo.
A tuberculose mata, anualmente, 1,7 milhão de pessoas e o número atual de doentes (cerca de 9 milhões) é o mais alto registrado na história, segundo o trabalho coordenado pelos professores Alimuddin Zumla, do University College de Londres, e Stephen Lawn, da Universidade da Cidade do Cabo (África do Sul).
Um total de 80% dos casos ocorre em 22 países pobres e emergentes, com especial incidência na África Subsaariana, onde são registrados quatro de cada cinco casos de tuberculose associados ao vírus da aids, uma combinação com "efeito devastador".
"O aumento das taxas de tuberculose resistente aos remédios no leste da Europa, Ásia e África Subsaariana ameaça prejudicar os avanços realizados mundialmente com os programas de controle da tuberculose", afirmaram os autores.
O relatório assinala que os principais fatores de risco para contrair e desenvolver plenamente a doença são o vírus da aids - que multiplica por 20 a probabilidade de ter tuberculose -, viver em situação de pobreza e superpopulação.
No entanto, outros elementos preocupam os especialistas, como "a epidemia global de diabetes e as altas taxas de consumo de tabaco em países pobres e emergentes". "Estes são os elementos que podem fazer a epidemia de tuberculose disparar", indicaram Zumla e Lawn, que asseguraram que a diabetes multiplica por três o risco de adquirir tuberculose e que o tabagismo multiplica por dois.
Há, além disso, outros muitos fatores de risco: câncer, carência de vitamina D, alcoolismo, poluição em espaços fechados, problemas renais crônicos, herança genética, e uso de corticoides e de remédios antagonistas do fator de necrose tumoral (FNT), para tratar dores como a artrite reumatoide.
Estudos na América do Norte demonstraram que os FNT aumentam em 50% o risco de desenvolver a doença em pacientes infectados e que os corticoides aumentam em 100%. O estudo conclui que os principais problemas a serem superados são a falta de exames acessíveis de diagnóstico, a excessiva duração dos tratamentos, a falta de uma vacina eficaz, o surgimento de cepas resistentes aos remédios e a fragilidade dos sistemas públicos de saúde nos países pobres e em desenvolvimento.
Apesar disso, afirma que "há razões para o otimismo", porque este é um momento de excelência nas pesquisas para a prevenção, diagnóstico e tratamento da doença. Mas este impulso não servirá de nada, advertem, "se não houver um grande compromisso político e financeiro para garantir que possam ser cumpridos os objetivos do Plano Global da Organização Mundial da Saúde (OMS) ''STOP TB'' para o período 2006-15".

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