segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Equipe converte celúlas da pele em tecidos cardíacos nos EUA


Cientistas do Instituto de Pesquisas Scripps, nos Estados Unidos, conseguiram converter células da pele em cardíacas, utilizando apenas estruturas maduras no procedimento. A novidade pode levar ao desenvolvimento de novas formas para tratar doenças que envolvam dano ou perda celular como patologias cardíacas, de Parkinson e Alzheimer. Os resultados do estudo foram divulgados na publicação científica "Nature Cell Biology". 

Com a manipulação de quatro genes, normalmente usados para gerar células-tronco pluripotentes induzidas - células adultas que "retornam" ao estágio inicial de diferenciação celular, podendo gerar quase todo tipo de tecido no corpo - a partir de fibroblastos da pele, os pesquisadores conseguiram, em apenas 11 dias, transformar as estruturas da pele em células do músculo cardíaco.

Normalmente, a técnica de indução de células adultas ao estado pluripotente (iPS, na sigla em inglês), faz com que os genes inseridos atuem nas células da pele durante várias semanas. Mas os cientistas do instituto desativaram os genes após poucos dias da inserção. Os fibroblastos não chegaram a se converter em células-tronco de pluripotência induzida, foram diretamente transformadas em células cardíacas por meio de um estímulo.

O estímulo poderia gerar células cerebrais e pancréaticas caso fosse diferente, segundo o estudo, liderado pelo professor Sheng Ding.

Com a nova forma de gerar células cardíacas, o tempo necessário para os genes trabalharem na célula é menor do que pelo método tradicional.

São necessárias, em média, de 2 a 4 semanas para os cientistas gerarem células-tronco de pluripotência induzida a partir de células adultas da pele pelo processo convencional. A eficiência não é grande e, geralmente, apenas uma célula é obtida após a perda de outras milhares. Outras 2 ou 4 semanas são necessárias para, finalmente, fazer as iPS virarem células adultas do tecido desejado.

O próximo passo, segundo o especialista, é conseguir a transformação sem a necessidade de introduzir genes, prática ligada ao desenvolvimento de cânceres.

Exercícios físicos podem melhorar memória de idosos

A prática regular de exercícios físicos moderados durante um ano pode aumentar o tamanho do hipocampo cerebral em adultos com mais de 55 anos, proporcionando um aumento da memória espacial, segundo um novo estudo. O hipocampo é a área do cérebro responsável pela formação de todos os tipos de memória.
O estudo, conduzido por pesquisadores das universidades de Pittsburgh, Illinois, Rice e Ohio State, foi publicado na revista especializada "Proceedings of the National Academy of Sciences".
"Os resultados de nossa pesquisa são particularmente interessantes por sugerirem que mesmo modestas quantidades de exercício podem fazer com que adultos idosos sedentários registrem melhora substancial da memória e da saúde do cérebro", explica Art Kramer, diretor do Beckman Institute na Universidade de Illinois e principal autor do estudo. "Estas melhorias têm implicações importantes para a saúde de nossos cidadãos e para o aumento da população idosa em todo o mundo."
Para seu projeto, os cientistas convocaram 120 idosos sedentários sem qualquer sinal de senilidade e divididos ao acaso em dois grupos. O primeiro começou a praticar um regime de exercícios leves, como caminhar 40 minutos por dia, três vezes por semana. O segundo manteve apenas atividades como alongamento e exercícios de tonificação muscular.
Os resultados mostram que o grupo que praticou a atividade aeróbica registrou um aumento do volume do hipocampo nos dois lados do cérebro (2,12% no esquerdo, 1,97% no direito). As mesmas regiões do cérebro dos participantes que ficaram no grupo dos exercícios de alongamento sofreram um aumento de 1,4% e 1,43%, respectivamente.
"Estamos acostumados a achar que a atrofia que ocorre no hipocampo no fim da vida é praticamente inevitável", diz o autor. "Mas nós mostramos que mesmo exercícios moderados durante um ano podem aumentar o tamanho desta estrutura. O cérebro nesta fase permanece maleável".

Atividade cerebral pode ajudar a determinar se fumante deixará o vício

Cigarro - hábito de fumar

A atividade do cérebro pode ajudar a avaliar a determinação de um fumante para largar o cigarro, segundo um estudo realizado por pesquisadores americanos que observaram tomografias de uma região do córtex ligada às mudanças de comportamento. O estudo, publicado nesta segunda-feira (31) na revista científica "Health Psychology", foi feito com 28 fumantes, que se inscreveram em um programa para deixar o vício.

Os participantes foram convidados a observar uma série de mensagens sobre parar de fumar, enquanto um tomógrafo registrava a atividade de seus cérebros. Depois de cada mensagem, os pacientes "anotavam de que maneira isto havia influenciado seu projeto de deixar o cigarro e se havia reforçado sua determinação".

As pessoas cujo córtex pré-frontal médio manifestava atividade durante as mensagens estavam "significativamente" mais inclinadas a reduzir o consumo da droga no mês seguinte.

"O que é apaixonante, é que sabendo o que acontece no cérebro de alguém, podemos prever muito melhor seu futuro comportamento do que se soubéssemos apenas qual é sua própria auto-avaliação" sobre as possibilidades de parar de fumar, indicou Emily Falk, principal autora do estudo e diretora do laboratório de Neurociência e Comunicação da Universidade de Michigan.

O estudo, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde norte-americanos (NIH, na sigla em inglês) e a Fundação Nacional de Ciência (NSF, na sigla em inglês), foi feito na Universidade da Califórnia (UCLA), em Los Angeles.

Após ter reduzido regularmente desde 2000, a taxa de fumantes entre os adultos estacionou desde 2005 nos Estados Unidos entre 20 e 21% da população, segundo estatísticas do governo federal. Cerca de 443.000 pessoas morrem todos os anos no país em consequência do tabagismo.

Centro americano faz diagnóstico de pacientes com doenças misteriosas

Diagnóstico doenças raras 1

Uma equipe no Instituto Nacional de Saúde (NIH, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, oferece ajuda a pacientes que sofrem de doenças sem diagnóstico no país. Com a ajuda da tecnologia de ponta em exames, os médicos do Programa de Doenças Não Diagnosticadas (UDP) tentam decifrar sintomas que surpreendem clínicos de todos os hospitais do país.
O programa começou em maio de 2008, dentro da Rede de Pesquisa Clínica de Doenças Raras, no instituto norte-americano. A ideia partiu do médico geneticista William Gahl, que pesquisa "erros" do metabolismo e más formações genéticas.
Gahl, que hoje é diretor do UDP e do Instituto Nacional de Pesquisa sobre Genoma Humano, acredita que defeitos genéticos podem explicar a maior parte das doenças raras - que são mais de 7 mil - e também as doenças que ainda não tem diagnóstico.
Desde que o início do projeto, ele já recebeu 4.600 pedidos de análise e 1.600 formulários completos para a admissão no programa. No entanto, somente 350 pacientes foram aceitos.
"Qualquer pessoa pode se candidatar, mas aceitamos os casos que estão bem documentados, em que é possível ver que a pessoa já descartou todas as doenças comuns e muitas doenças raras conhecidas", disse Gahl à BBC Brasil.
Segundo ele, o principal motivo do programa é encontrar novas síndromes e fazer avançar a ciência médica. Até agora, apenas uma nova doença genética já foi descoberta, que será divulgada em uma publicação científica em fevereiro. A enfermidade causa a calcificação das artérias dos pacientes.
A taxa de sucesso nos diagnósticos é pequena. Dos primeiros 160 pacientes do UDP, somente 35 foram diagnosticados. Em geral, Gahl estima que entre 10 e 15% dos casos é solucionado. O médico diz que não é possível saber exatamente quantas pessoas foram curadas, já que o tratamento dos pacientes geralmente é feito em outros hospitais e clínicas.
"É possível que a maior parte dos pacientes diagnosticados esteja ainda em tratamento, já que o programa tem somente 3 anos. Só a investigação sobre a doença pode levar dez", diz Gahl.
Investigação
Todos os candidatos a uma vaga no UDP precisam ser recomendados por um médico que já os examinou, através de uma carta de recomendação descrevendo o caso, que também deve ser acompanhada de um histórico detalhado dos exames já feitos.
William Gahl revisa todos os casos e, com outros especialistas ligados ao programa, decide quais serão aceitos. Para isso, é preciso que eles apresentem a possibilidade de descobrir uma forma nova de uma doença rara já conhecida ou uma doença nunca antes vista.
Os pacientes admitidos são levados para o centro de pesquisas clínicas do NIH, o maior hospital de pesquisa clínica do mundo, que fica em Maryland, nordeste dos Estados Unidos. Lá, eles passam a uma semana fazendo todo tipo de exames médicos.
Quando os pacientes voltam para casa, o trabalho começa. Em reuniões, os médicos formulam hipóteses sobre doença que podem ou não ser confirmadas pelos resultados. Em alguns casos, o paciente é novamente trazido para exames. Todos os custos, incluindo a viagem, são pagos pelo governo.
Para aumentar a agilidade e a eficiência dos diagnósticos, o programa reúne médicos e pesquisadores da maior parte dos 27 institutos e centros de diferentes especialidades que fazem parte do NIH. Cada paciente é examinado, ao mesmo tempo, por especialistas em diversas áreas que correspondem aos sintomas que ele apresenta.
Enquanto analisam o paciente, os médicos tentam descobrir se a doença pode ter ligação com algum problema genético.
"Se essa abordagem não funciona, tentamos algo mais geral - uma avaliação genética para encontrarmos o que pode estar errado com os genes da pessoa. Se encontrarmos algo, tentamos descobrir se isso tem ligação coma doença."
Mesmo tendo à sua disposição o que há de mais avançado na tecnologia de pesquisas sobre o genoma, Gahl diz que precisa de três a seis meses somente para estudar o mapa genético do paciente. Muitos pacientes não conseguem esperar tanto.
Até hoje, 12 pessoas que entraram no programa morreram sem diagnóstico, e ainda há mais de 50 casos em aberto no arquivo de William Gahl. "As nossas histórias são histórias reais de compaixão, de desespero, de pessoas realmente morrendo. Não se trata só de nos sentirmos bem por fazermos um diagnóstico acadêmico", diz o geneticista.
Tratamento gratuito
Denise Nazzaro, uma professora de 46 anos, adoeceu no final de abril, de 2009. Um dia, durante a aula, ela percebeu que estava com dificuldades para manter equilíbrio ao caminhar.
Depois disso, Nazzaro passou a ter visão dupla, ruídos nos ouvidos e hipersensibilidade ao barulho. Em maio, ela foi diagnosticada com encefalite. Por um motivo desconhecido, seu cérebro inchava e causava os demais sintomas. "Fiz muitos testes e todos foram negativos. Era como um episódio da série de TV 'House'", disse à BBC.
Sem diagnóstico, Denise piorou. "Era tão ruim que eu nem conseguia ouvir o barulho da minha própria voz. Estava tão fraca que não conseguia pegar uma caneta para escrever meu próprio nome."
Os sintomas melhoraram quando ela começou um tratamento com esteroides. No entanto, as altas doses do remédio causaram danos - alguns permanentes - no seu organismo. Uma tentativa de ficar sem os remédios provocou uma lesão séria no cerebelo, que afetou sua fala e a coordenação na mão esquerda.
Denise foi aceita no programa em dezembro de 2010, e acaba de ir ao centro em Maryland para os exames. "Ainda bem que o programa é patrocinado pelo governo e eles pagam por tudo. Eu já tinha gasto muito dinheiro com tratamentos."
Espera
A doença de Kylie McPeak, uma menina de seis anos que sofre de convulsões inexplicáveis, permanece sem diagnóstico. Ela foi examinada em dezembro de 2009 pelos médicos do UDP e aguarda notícias do NIH.
"Ainda não encontramos nenhum caso como o de Kylie, ela é realmente única", disse William Gahl à BBC. "Todos estão muito interessados no caso dela, mas precisaremos de uma análise genética."
Kylie começou a ter convulsões aos 4 anos de idade, depois de passar por um tratamento para diabetes. Pouco antes das convulsões, ela apresentava leves saltos na fala que evoluíram para dificuldades de dicção. Porque seu corpo se contorce, Kylie desenvolveu uma séria escoliose na coluna e torcicolo no pescoço. Se alimenta por tubos, porque não consegue comer.
"O primeiro médico deu a ela um remédio muito forte que alterou seu comportamento. O segundo disse que ela tinha problemas psicológicos", lembra Regina Larsen, a mãe da menina.
Hoje, ela frequenta a escola e é acompanhada por três médicos, mas ainda espera por um diagnóstico definitivo. "Ela não reclama das dores e lida bem com a situação, mas de vez em quando me pergunta: 'lembra de quando eu não era doente?'", diz Regina.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Medidor de glicose ganha conectividade 3G

Medidor de glicose com transmissão 3G

A Qualcomm e a Telcare anunciaram planos para integrar o módulo Internet of Everything (IEM, ou Internet das Coisas), ao medidor de glicose Telcare 3GM, que está em processo de desenvolvimento.

O aperelho Telcare 3GM, atualmente em fase de protótipo, vai usar o módulo da Qualcomm criado para transferir as leituras de glicose no sangue aos familiares ou ao médico do paciente, a cada teste efetuado.

Um entre cada dez adultos norte-americanos tem diabetes e os especialistas estimam que o índice da doença pode triplicar nos próximos 40 anos.

O medidor de glicose Telcare 3GM tem como objetivo diminuir a distância entre o paciente e o profissional da saúde. Por meio de banda larga móvel 3G, o produto permite que pacientes e profissionais da saúde monitorem e respondam às alterações nos níveis de glicose de um indivíduo.

Esse feedback contínuo pode fornecer às pessoas com diabetes um estilo de vida mais flexível, além de proporcionar a elas um melhor controle e gerenciamento da doença. A Telcare planeja iniciar testes clínicos nos EUA, no segundo semestre de 2011, para explorar o potencial do 3GM, que busca melhorar o atendimento, manter o status da saúde dos pacientes e, simultaneamente, reduzir o custo com cuidados médicos.

As soluções de IEM incorporadas às comunicações sem fio machine-to-machine (M2M) oferecem suporte às empresas líderes mundiais em tecnologia 3G com GPS integrado, voz, recursos de dados e texto, além de sensores de movimento. O porte compacto do IEM permite fácil integração com os dispositivos "weareable" (que se pode vestir) de última geração.

Vacina contra cólera é útil após início da epidemia, dizem estudos

Uma vacinação contra o cólera durante uma epidemia como a do Haiti pode limitar sua propagação e permitir combater melhor uma bactéria que, após várias mutações recentes, voltou mais virulenta, segundo duas pesquisas publicadas nos Estados Unidos.
Um estudo conduzido no Vietnã durante uma importante epidemia de cólera em Hanoi mostra que a administração de uma ou duas doses de vacina oral proporciona 76% de proteção eficaz, constataram Dang Duc Anh e Anna Lena López, do Instituto Internacional de Vacinas (IVI) em Seul, na Coreia do Sul.
Ambos são os autores de um estudo divulgado em uma publicação da Public Library of Science (PLoS), datada em 25 de janeiro.
A segunda pesquisa, conduzida por Rita Reyburn, do IVI de Stonetown em Zanzibar (Tanzânia), estabeleceu um modelo dos efeitos de uma vacinação contra o cólera durante várias epidemias recentes no mundo.
Sua equipe provou os efeitos de uma vacinação sobre 50 a 75% da população dez semanas após o início de uma epidemia, com uma segunda dose 33 semanas depois. Em todos os casos, os médicos constataram efeitos positivos.
Autor de editorial que acompanha os dois estudos, Edward Ryan, do Hospital Geral de Massachusetts e da Universidade de Harvard, destacou "a importância" dos resultados obtidos frente à ineficácia dos esforços internacionais na luta contra o cólera, cujas últimas epidemias foram registradas no Haiti, Paquistão, Zimbábue, Nigéria, Angola e Vietnã.
Ryan também destaca que estas epidemias são cada vez mais frequentes e severas, e explica no editorial que a bactéria Vibrio cholerae, responsável pelo cólera, teve muitas mutações nos últimos anos.
Estas novas características da bactéria conduzem a comunidade médica e os responsáveis pela saúde pública a revisar o possível papel de uma vacina para ajudar a controlar as epidemias.
A epidemia de cólera no Haiti deixou desde meados de outubro cerca de 4 mil mortos. A doença manifesta-se com diarreia intensa, vômitos e náuseas que provocam grave desidratação.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Técnica pode 'desligar' estresse no cérebro

Técnica estresse cérebro 1

Pesquisas recentes indicam que é possível modificar a estrutura cerebral de forma a reduzir os impactos do estresse a partir de técnicas de meditação.
Para verificar isso, a BBC convidou o britânico Todd German, funcionário de um parque temático de vida marinha na Inglaterra, a participar de um curso sobre o estado de "atenção plena", alcançado por meio da meditação.
Todd German afirmou que gostaria de tentar a meditação porque enfrenta dificuldades de sono. Pessoas que meditam seriam capazes de 'desligar' as preocupações ou pensamentos negativos.
Após uma semana de testes, German afirmou não ter se convencido totalmente, mas admite que a técnica permite se desligar um pouco, limpar a cabeça e também sentir a calma se transferir para o corpo.
Procurada pela BBC, a pesquisadora Elena Antanova, especialista em estudos sobre o cérebro da universidade londrina King's College, afirmou ser possível mudar a configuração do órgão voluntariamente por meio da meditação, afastando os efeitos danosos do estresse.

Má alimentação pode causar depressão, diz estudo

Nove em cada dez norte-americanos acredita comer de forma saudável

Ingerir alimentos ricos em gorduras trans e saturadas aumenta os riscos de depressão, segundo um estudo espanhol publicado nos Estados Unidos, confirmando os resultados de estudos anteriores que vinculavam o consumo de fast-food a esta doença. Os cientistas que participaram do estudo também demonstraram que alguns produtos, como o óleo de oliva, ricos em ácidos graxos ômega 3, podem combater o risco de doença mental.

Autores do amplo estudo, realizado pelas universidades de Navarra e Las Palmas de Gran Canaria, acompanharam e analisaram a dieta e o estilo de vida de cerca de 12 mil voluntários ao longo de seis anos.
Quando o estudo começou, nenhum dos participantes havia sido diagnosticado com depressão. Ao final, 657 tinham desenvolvido a doença.
"Os participantes com um consumo elevado de gorduras trans [gorduras presentes em alimentos industrializados e fast-foods] apresentaram até 48% de aumento no risco de depressão quando comparados com participantes que não consumiam estas gorduras", disse o chefe das pesquisas.
Almudena Sanchez-Villegas, professor associado de medicina preventiva da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria, também observou que no evento "quantas mais gorduras trans eram consumidas, maiores os efeitos negativos produzidos nos voluntários".
A equipe de pesquisas descobriu, ao mesmo tempo, que depois de avaliar o impacto de gorduras poli-insaturadas - compostas de quantidades maiores de óleos de peixes e vegetais - , estes produtos "são associados a um risco menor de sofrer depressão".
O estudo, publicado na edição online do jornal "PLoS ONE", destacou que a pesquisa foi realizada com uma população europeia que tem uma ingestão relativamente baixa de gorduras trans - compondo apenas 0,4% "do total de energia ingerida pelos voluntários".
"Apesar disso, observamos um aumento no risco de sofrer de depressão de cerca de 50%", disse o cientista Miguel Martinez.

Pesquisadores dos EUA descobrem possível 'cura' para diabetes tipo 1

Uma equipe do Centro Médico da Universidade do Sudoeste do Texas, nos Estados Unidos, sugere que a desativação de um hormônio pode ser suficiente para tratar diabetes tipo 1, uma doença autoimune - na qual o sistema de defesa ataca as células e tecidos do próprio corpo -, na qual as concentrações de açúcar no organismo ficam muito altas. A descoberta será tema de edição de fevereiro da revista especializada "Diabetes".
Liderados por Roger Unger, professor da instituição e principal autor do artigo científico, os pesquisadores testaram a capacidade de camundongos, cobaias comuns em testes pré-clínicos, aproveitarem o açúcar presente no sangue, fruto da alimentação dos animais.
O truque foi alterar geneticamente os roedores para que produzissem quantidades menores de uma substância conhecida como glucagon, responsável por impedir que os níveis de glicose (açúcar) fiquem muito baixos.
No caso dos diabéticos, essa ação do glucagon faz os níveis de glicemia aumentarem muito. Esse efeito seria compensado em pessoas saudáveis pela ação da insulina, responsável por permitir que o açúcar penetre nas células do corpo. Dentro delas, a glicose poderia ser imediatamente aproveitada para gerar energia ou armazenada. Mas para os pacientes com diabetes tipo 1, a produção de insulina não existe ou é seriamente comprometida.
Mas os pesquisadores norte-americanos acreditam que os resultados obtidos com os camundongos apontem que, caso os níveis de glucagon consigam ser controlados, a insulina se torna supérflua, já que os níveis de glicemia estariam normais, dispensando as injeções da substância para equilibrar a "balança" do açúcar no sangue.
Batalha de hormônios
A insulina deixa de existir em pacientes com diabetes tipo 1 pois o sistema de defesa do corpo ataca 90% ou mais das células beta, estruturas localizadas em uma região do pâncreas conhecida como Ilhotas de Langerhans. Com a ausência da insulina, os níveis de glicemia no sangue não abaixam e não há ação para impedir a influência do glucagon.
O "padrão ouro" de tratamento da doença é por meio de injeções de insulina, desde a descoberta da doença, em 1922. Os pacientes precisam receber as doses da substância durante boa parte da vida. No universo de todas as formas de diabetes, o tipo 1 responde por 10% dos casos e a maior parte das pessoas com o desenvolve antes dos 30 anos.

Raro em jovens, câncer de mama impõe desafios a pacientes

Simone câncer 1

Simone Shen tem 27 anos. A chance de uma mulher da idade dela ter câncer de mama é pequena. Mas a paulistana recebeu exatamente esse diagnóstico em agosto de 2010. "Os médicos detectaram dois nódulos, confirmados como câncer após a biópsia", conta Simone.
Segundo os médicos, a chance de uma pessoa desenvolver câncer de mama antes da menopausa é de apenas 2%.
Para Simone, a notícia sobre o tumor só veio porque resolveu colocar silicone nos seios. Os exames de ultrassom e a mamografia, necessários para a cirurgia, encontraram os nódulos.
Profissional da área de marketing, ela precisou parar de trabalhar para passar por 24 sessões de quimioterapia. Até agora, enfrentou 11 delas. “Os remédios me deixam cansada, triste às vezes”, afirma a jovem. Mesmo sob efeito das drogas anticâncer, a paciente ainda conseguiu manter parte de sua rotina, como os planos de viagem no réveillon.
Antes dos medicamentos, ela retirou as duas glândulas mamárias em cirurgia conhecida como mastectomia, mas ficou pouco tempo sem volume no peito. “Fiz reconstrução na mesma hora, já estou ‘turbinada’”, brinca.
Segundo o médico Alfredo Bastos, do Hospital Sírio-Libanês, a pressa tem justificativa. “A depressão na jovem pela mutilação é muito grande. Se não houver impedimento, é melhor fazer a reconstrução logo após a retirada do tumor”, afirma o mastologista.
Simone diz estar bem com o resultado da cirurgia e não se arrepende de ter optado pela mastectomia. “Para mim, é melhor ter saúde que amamentar”, afirma.
Caso britânicoCasos como o de Simone são raros. Mais incomum ainda é o da britânica Aleisha Hunter, que foi noticiado no início do mês, diagnosticada com a doença aos dois anos de idade.
Entre os médicos brasileiros, a história gera desconfiança. “É possível que tenha sido um câncer 'na mama' e não 'de mama'. Seria o caso, por exemplo, de sarcomas ou tumores de pele, que podem aparecer até com um mês de vida”, afirma Bastos.
Para Maria do Socorro Maciel, do hospital A.C. Camargo, Aleisha é muito jovem para ter adquirido a doença. “O caso mais jovem que já testemunhei era de uma moça de 17 anos, mas ela já havia menstruado, possuía mamas formadas”, diz a médica.
“As estruturas da mama como os ductos, os lóbulos, ainda não estão formados com essa idade, sem falar na ausência de hormônios femininos como estrógeno e progesterona,” explica a médica.
A estranheza da especialista encontra respaldo nos dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Para pacientes entre 15 a 24 anos, o número de casos para cada 1 milhão de mulheres, não ultrapassa 2 (veja gráfico abaixo).


“O médico deve colocar o assunto maternidade em pauta”, defende Bastos. "O profissional precisa ser verdadeiro, se você mente, pode perder a confiança da paciente."
Maternidade

Antes de tratar o câncer de mama, há consenso entre médicos sobre as informações que o paciente precisa saber para enfrentar a doença. Antes mesmo da questão estética, a paciente precisa ser informada sobre a possível perda de fertilidade ao iniciar um tratamento com quimioterápicos.
“Fiz congelamento de óvulos, ingeri hormônios durante duas semanas, com injeções diárias. Foram 17 ao todo”, conta Simone. “Eu decidi pela mastectomia junto com meus médicos e minha família. Queria me livrar do problema radicalmente.”
Adriana Amatto, de 31 anos, não teve esse tempo. A notícia do tumor maligno veio logo após a gestação.
“No oitavo mês da gravidez, senti uma parte endurecida na mama direita”, conta a nova mãe, que trabalha como fonoaudióloga.
O diagnóstico foi difícil. “Quando eu fui ao hospital pela primeira vez por causa das dores, ainda grávida, me disseram que era uma ilha de gordura”, lembra Adriana. “Quando minha filha tinha dois meses, fui fazer um exame para saber mais e acabei descobrindo um carcinoma in situ. A minha desconfiança me fez descobrir o problema.”
Para tratar o tumor, Adriana precisou extrair o leite dos seios e passar por mastectomia. Durante a cirurgia, ela teve mais uma surpresa. “Após dez horas na mesa de operação, o que era um caso in situ virou um carcinoma invasivo de 1,4 cm, já que descobriram 16 linfonodos [órgãos que formam o sistema de defesa do corpo] comprometidos, de 33 retirados”, explica a fonoaudióloga. O termo em latim é normalmente usado para se referir a tumores que não se espalham pelo corpo, gerando metástase.
Com as sessões de quimioterapia, 15 no total, realizadas de maio até outubro, e outras 25 radioterapias, finalizadas em dezembro, Adriana vai, aos poucos, podendo cuidar da filha recém-nascida. “Não podia pegar meu bebê no colo, mas tentei dar o máximo de carinho e fazer ela não esquecer meu cheiro,” conta.
Sem alarde
Segundo Silvio Bromberg, médico do Albert Einstein, que cuidou do caso de Adriana, as estatísticas internas do hospital não mostram aumento específico nos casos entre mulheres jovens e, portanto, não existe motivo para alarde às mulheres que ainda não atingiram a menopausa.
"Na minha própria clínica, de 2009 até agora, eu tenho tratado gente mais jovem, mas isso não quer dizer que a incidência esteja aumentando para essa faixa", explica o médico.
Mas há um alerta para o estilo de vida das mulheres submetidas ao mercado de trabalho. “Hoje as mulheres engravidam mais tardiamente, menstruam mais tarde, tomam hormônio, comem mal, sofrem estresse. Os estudos apontam que tudo isso pode propiciar o desenvolvimento de câncer.”